ATA DA CENTÉSIMA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 1º.10.1991.

 


Ao primeiro dia do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Trigésima Quarta Sessão Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Centésima Trigésima Segunda e Centésima Trigésima Terceira das Sessões Ordinárias e da Trigésima Terceira Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 214/91 (Processo nº 2497/91); pelo Vereador Nelson Castan, 01 Pedido de Providências; e pelo Vereador Wilson Santos, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nº 242/91, da Câmara Municipal de Guaíba/RS; nº 418/91, da Televisão Educativa; e o Ofício-Circular nº 09/91, da Câmara Municipal de Esteio/RS. Ainda, foram apregoados os Projetos de Lei do Executivo nºs 43, 44, 45, 46, 47 e 48/91 (Processos nºs 2537, 2538, 2539, 2540, 2541 e 2542/91, respectivamente); e o Ofício nº 523/GP/91, do Prefeito Municipal. Após, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, dos Senhores Gerson Barreto Winkler, Presidente do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS (GAPA/RS), e Jair Ferreira, Consultor do GAPA/RS, concedendo a palavra a Suas senhorias que, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica do Município, discorreram acerca do material informativo produzido pelo Comissão Municipal de Controle de AIDS, da Secretaria Municipal de Saúde e Serviço Social. A seguir, o Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Omar Ferri, Adroaldo Correa, José Valdir, Giovani Gregol, Dilamar Machado, Vicente Dutra e Luiz Machado, acerca da possibilidade de realização de um debate mais amplo com os representantes do GAPA, e, também sobre o posicionamento da Comissão de Justiça e Redação acerca do panfleto “Não tenha medo da AIDS” distribuído pelo Executivo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Omar Ferri discorrendo acerca dos pronunciamentos efetuados durante o período de Tribuna Popular, por integrantes do GAPA, criticou a distribuição feita pela administração municipal à população porto-alegrense, do folheto “Não tenha medo da AIDS”, classificando tal folheto como de “baixo nível” e incentivador do uso das drogas. O Vereador Luiz Braz pronunciou-se acerca do folheto “Não tenha medo da AIDS”, ponderando sobre a forma como foi elaborado e distribuído o referido informativo, cujos efeitos considera nefastos. O Vereador Giovani Gregol lamentou a ausência de muitos Vereadores na presente Sessão, que mudariam de opinião, após os pronunciamentos feitos hoje na Casa, a respeito do folheto “Não tenha medo da AIDS”, mandado publicar pelo Executivo Municipal. Analisou o referido folheto, esclarecendo os motivos pelos quais foram empregados os termos contidos no mesmo. O Vereador João Dib reiterou que o PDS considera que o folheto sobre a AIDS, publicado pelo Executivo Municipal, não é correto ao afirmar “Não tenha medo da AIDS”. Às quinze horas e sete minutos, foram suspensos os trabalhos, nos termos do artigo 84, II, do Regimento Interno, sendo reabertos às quinze horas e treze minutos, após constatada a existência de “quorum”. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que, face a Requerimento aprovado, do Vereador Airto Ferronato, o GRANDE EXPEDIENTE da presente Sessão seria destinado a homenagear o Jornal Correio do Povo pelo transcurso do seu nonagésimo sexto aniversário de fundação, convidando os Senhores José Barrionuevo, Diretor de Redação do Correio do Povo; Roberto Pandolfo Pauletti, Diretor Comercial; Telmo Flor, Secretário da Redação; e a Senhora Rosane Aparecida de Oliveira, Secretária de Redação do Correio do Povo, a integrarem à Mesa dos trabalhos. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Clóvis Brum, em nome das Bancadas do PMDB e do PCB, ponderando sobre o merecimento da homenagem prestada pela Casa ao Jornal Correio do Povo, saudou os dirigentes e funcionários desse jornal, pelo transcurso de seus noventa e seis anos de atividades. Almejou pela continuidade da trajetória de sucesso do mesmo. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, discursando acerca do compromisso primeiro da imprensa que é o da busca da verdade, expressou que o Correio do Povo cumpre essa premissa e almejou a continuidade desse trabalho. O Vereador João Motta, em nome da Bancada do PT, manifestou que o Correio do Povo merece o destaque da homenagem pelo transcurso dos seus noventa e seis anos de fundação, por manter o compromisso com a verdade, com a cidadania e com a democracia. O Vereador Nereu D'Ávila, em nome da Bancada do PDT, pronunciou-se sobre o significado da manutenção do controle do jornal Correio do Povo no Estado e o alcance de sua influência na sociedade gaúcha. Destacou profissionais de jornalismo que prestam serviços ao mencionado jornal, que registra a história viva do Estado. O Vereador Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, destacou a filosofia e a postura empresarial e profissional empregada pelo jornal Correio do Povo no curso de sua história. E ponderou, ainda, sobre a linha editorial desse Jornal. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, atentou para o fato de o Correio do Povo, ao longo de sua vida, ter registrado aspectos da história do povo riograndense. Enfatizou a luta empreendida pelos dirigentes do referido jornal para manter-se a despeito de crises e destacou a linha editorial desse jornal. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor José Barrionuevo, Diretor de Redação do Jornal Correio do Povo, que, em nome desse Jornal, agradeceu a homenagem recebida da Casa. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e suspendeu os trabalhos por dois minutos, em conformidade com os termos do artigo 84, II, do Regimento Interno. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, do Senhor Joaquim Felizardo. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e dez minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Passamos ao tempo destinado à Tribuna Popular, que será usado pelo Grupo de Prevenção da Aids – GAPA – para prestar esclarecimentos sobre o material informativo sobre a Aids, produzido pela Comissão Municipal do Controle da Aids, da SMISS, Proc. nº 2514/91. Usarão da Tribuna Popular Gerson Winkler e Jair Ferreira, cada um por cinco minutos.

 

O SR. WILSON SANTOS (Questão de Ordem): Estive observando o processo, evidentemente teve um despacho rápido, é o que se quer, não tem timbre da associação e nem endereçamento. Gostaria que fosse verificado após o uso da tribuna. Peço que seja esclarecido.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilson Santos, a Mesa esclarecerá oportunamente.

 

O SR. GERSON WINKLER: Gostaria de agradecer o espaço que estamos dividindo, eu e o Dr. Jair Ferreira, consultor do GAPA. (Lê.)

“Há mais de dez anos, o mundo inteiro vem-se defrontando com uma epidemia de características sem precedentes e de resultados trágicos entre a população em geral.

Hoje existe um crescente esforço por parte de governos e sociedades, a nível mundial, para impedir o avanço da Aids. É do conhecimento de todos nós os danos múltiplos que essa epidemia é capaz de provocar, seja no plano bio-fisiológico, seja nos planos emocional, econômico e político, para não citar outros desdobramentos.

Na ausência de tratamento efetivo ou de vacina, a comunidade global procura formas eficazes de se fazer um enfrentamento preventivo. Em nosso País, dada a atual conjuntura nacional e a fragilidade do Sistema Público de Saúde, todas as iniciativas institucionais e não-governamentais devem ser dirigidas no sentido de evitar sua ampliação e romper a cadeia de transmissão do vírus da Aids, embora sem gerar pânico improdutivo entre a população.

Mesmo face aos números alarmantes da Aids em nosso País e no mundo, a velocidade da epidemia tem se mostrado inversamente proporcional às ações do governo. Não existe nenhum programa sistemático capaz de dar resposta à epidemia, seja evitando seu alastramento por campanhas informativo/educativo, seja por tratamentos adequados que incluam atendimento ambulatorial, laboratorial, hospitalar suficiente para a população em geral, que antecipadamente pagou por serviços que não tem a seu alcance.

Equivocadamente, as instituições governamentais imaginavam que a epidemia se restringiria aos chamados “grupos de risco.” Hoje, os achados epidemiológicos dão conta que o vírus da Aids é capaz de pôr em risco qualquer pessoa da população que se exponha à “situação de risco”. Como essas situações não são claras para todos, é preciso que se informe franca e adequadamente a toda a população, sem dar margem a dúvidas quanto aos modos de transmissão do vírus. Em última análise, isso vai depender dos comportamentos individuais. Mas é preciso um mínimo de conhecimento sobre o assunto, desde o cuidado com o corpo, numa linguagem acessível a todas as camadas sociais, até o incentivo a comportamentos preventivos frente a Aids.

Enquanto representantes da sociedade organizada frente a epidemia da Aids, o GAPA/RS reafirma a necessidade que a população em geral, em todos os seus segmentos e faixas etárias, saibam como se proteger. Cabe ressaltar que, desde 1989, quando da fundação do GAPA/RS, nossos esforços sempre foram direcionados à comunidade, e que desta maneira conseguimos perceber a necessidade que a população em geral tem de informações claras e precisas, que envolvam uma linguagem cotidiana e comum, que não seja através de formulações técnicas e imprecisas. Está na hora de falarmos da necessidade de se prevenir, formulando respostas ao alcance de todos. É hora de nos unirmos na defesa dos direitos individuais e coletivos.

A presença do GAPA/RS, neste contexto, é no sentido de estreitar os laços solidários e a dignidade humana, para que nenhum cidadão seja excluído desse processo de defesa comum.

Neste sentido a “cartilha” produzida pela Secretaria Municipal da Saúde e Serviço Social, “Não tenha medo da Aids”, pode ser elogiada no direcionamento a todas as camadas sociais, numa linguagem acessível a toda a população.

Sendo assim, reafirmamos o compromisso que a Aids é uma luta de todos nós.”

A gente tem trabalhado três anos no sentido de prevenir Aids junto à comunidade, temos descoberto que temos que atingir a todos com uma linguagem fácil e acessível, e quando se vai trabalhar nas vilas, nos morros, na periferia da Cidade, descobrimos que metade da população não sabe nem o que é pênis, não sabem o que que é vulva nem esperma. Acho que horror mesmo é depois de dez anos de epidemia a SMSSS produzir um único material; horror mesmo é termos hospitais lotados com Aids sem atendimento, é a falta de formação governamental. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Jair Ferreira.

 

O SR. JAIR FERREIRA: Na condição de consultor do GAPA, gostaria de apresentar como assessor de embriologia da Secretaria de Saúde e Meio Ambiente, e como consultor da Organização Mundial em Aids, e de chamar a atenção que Aids é uma doença que segue em expansão, e no Rio Grande do Sul não é exceção, doença que tem aumentado ano a ano. Nos nossos últimos dados, só para dar uma idéia, no último ano, 286 casos; no penúltimo, 192; este ano, em apenas oito meses, já 295 casos novos. Em apenas oito meses superamos os doze meses do ano passado. Certos grupos são mais atingidos, a população jovem é mais atingida, grupo etário mais atingido é de 30 a 34 anos, entretanto, se considerarmos que esta doença tem dez anos de incubação as infecções ocorrem entre os 20 a 24 anos; além disso, o grupo dos drogadictos, viciados em drogas injetáveis tem tido uma expansão muito superior aos demais; de dez casos, no período 1989/1990, saltamos para 45 casos no período 1990/1991. A posição da Organização Mundial da Saúde e das demais entidades internacionais de saúde é que em relação à educação em Aids devem ser utilizados, de qualquer maneira, aqueles termos que são compreensíveis para a população, ainda que seja necessário usar o baixo calão para atingir estes grupos, estes termos devem ser utilizados, ainda que isso possa parecer chocante no momento, porque se considera mais importante que as pessoas compreendam as mensagens. Em relação a este ponto, os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente estiveram reunidos e discutiram o documento; acharam que o documento é um documento útil e necessário, apesar dos termos chocantes que ele possa utilizar, que possa parecer chocante para muitas pessoas, eles são termos necessários. Só, corroborando o que falou aqui o Gerson, as pessoas não entendem a palavra pênis como se fosse órgão genital masculino, entendem como se fosse apêndice, então dizem: “minha mulher operou o pênis”. Isso é o que corre no meio mais popular. No que diz respeito a drogas injetáveis, não há um consenso, realmente, de como se fazer a educação para a saúde, o que existe é uma posição, alguma coisa deve ser feita, mas ainda não há uma concordância dos órgãos de saúde do como agir, entretanto há uma concordância de que como algo tem que ser feito, tudo que se faça é considerado ético. Em relação a incitação às drogas, nós queremos chamar a atenção que a dependência de drogas é uma doença e é uma doença progressiva, ou seja, a dependência de drogas injetáveis é o estágio final da doença, as pessoas para chegarem a este estágio passam por todos os outros demais estágios, que é o uso de drogas orais, uso de drogas por aspiração, até chegarem no nível da droga injetável, que é a que tem risco para a transmissão da Aids. Então as pessoas não seriam incitadas pelas mensagens aqui contidas, que inclusive dizem claramente que a droga faz mal para a saúde. Nós devemos chamar a atenção de que inclusive é considerada ética a distribuição de material descartável para os viciados com o seguinte raciocínio: droga é uma doença, é uma doença de difícil tratamento, doenças de difícil tratamento e de difícil cura nós temos que fazer algo pela pessoa, seja aliviando o sofrimento, seja impedindo as complicações. Aids é uma complicação da própria dicção. Tudo que fizermos para impedir essa complicação é válido e é ético. Finalmente, eu gostaria de chamar a atenção para a dificuldade que nós, profissionais de saúde, temos para produzir esse material pela falta de recursos; e que, se esse material for impedido de circular, ele representa um retrocesso, porque significa que os profissionais de saúde estão sendo impedidos de usar as armas que dispõem, e lembrar que aos profissionais de saúde são exigidas algumas ações que as vezes são consideradas repugnantes, inadmissíveis em outras situações, ou seja, se nós impedirmos a circulação disso seria, mais ou menos, proctologista de fazer um toque retal que em qualquer outra situação é considerado uma sevícia odiosa, mas para proteger uma vida é algo absolutamente necessário. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Não é hábito nem praxe que após o uso da Tribuna Popular os Vereadores tenham condições de formular perguntas aos palestrantes que usaram a Tribuna Popular. Consulto a V. Exª se haverá essa possibilidade hoje, dado o fato de que, se não estou equivocado, pelo menos consta no boletim, que a Administração Popular foi quem mandou imprimir e arcou com os gastos da impressão do boletim.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Eu acho que as questões que couberem em relação à intervenção, desde a Tribuna Popular, de qualquer entidade, são do debate a partir das posições das Lideranças, que sempre tiveram essa oportunidade. E na linha de preocupação do Ver. Omar Ferri, eu gostaria de apresentar aos expositores um convite para, através da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, estarem nesta Casa em outra oportunidade, para continuidade do debate e esclarecimento das preocupações, não só do Ver. Omar Ferri, mas outras que tenham restado desde o pronunciamento das pessoas que fizeram uso da Tribuna Popular.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Eu reafirmo as questões colocadas pelo Ver. Adroaldo, e só agregaria que também seria interessante que não só a Comissão de Saúde, mas também a Comissão de Educação, patrocinassem a vinda do GAPA e das entidades que tratam desse assunto, para um amplo debate, porque está em questão a saúde e a educação das populações periféricas da Cidade. Associo-me e amplio a idéia, e acho que responderia também à preocupação do Ver. Omar Ferri, porque aí teríamos a oportunidade de fazer um amplo debate sem abrir um precedente, na questão da Tribuna Popular.

 

O SR. PRESIDENTE: Está registrada a Questão de Ordem. Como a Mesa sempre toma uma providência, inicialmente nós abrimos um espaço para as Lideranças.

 

O SR. GIOVANI GREGOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, no mesmo sentido dos Vereadores Adroaldo Corrêa e José Valdir, naturalmente, é uma satisfação e uma obrigação da Comissão Permanente que esta Casa mantém, em prosseguir neste debate, que, inclusive, ela já iniciou, e para comunicar à Mesa, ao Sr. Presidente e demais colegas de que já temos agendado, na COSMAM, dia 8 próximo, nesta Casa, a continuação do debate com a presença dos convidados e outros, pois foi um assunto que chamou muito a atenção e causou muita polêmica nesta Casa. Então, vamos ter a oportunidade de continuar,  já estamos convidando o Presidente do GAPA; o Dr. Jair Ferreira, que é consultor da Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU, para a Aids, para que possamos estabelecer um diálogo mais profundo. Quanto à questão regimental, me parece omisso o Regimento a esse respeito, portanto poderíamos ainda discutir, mas sem prejuízo, entendemos da reunião que teremos todo o tempo necessário para a discussão de um assunto tão importante.

 

O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Vereador Omar Ferri usará da tribuna, em nome da Bancada do PDT, mas antes disso consulto a V. Exª, que transmita a consulta à Comissão de Justiça, já que a matéria está em análise por essa Comissão, e Ver. Vicente Dutra, o Presidente, se já há uma votação, uma deliberação da Comissão de Justiça desta Casa, sobre a utilidade, ou não, do panfleto que acaba de ser defendido através da Tribuna Popular.

 

O SR. VICENTE DUTRA: A Comissão teria oportunidade hoje de examinar a Questão de Ordem do Ver. João Motta, na Sessão de sexta-feira, referente à matéria, todavia, eu mesmo me designei Relator dessa questão, e gostaria de ter participado de um debate mais aprofundado, relativamente à matéria, a fim de que a Comissão, ao decidir sobre questões éticas, altamente técnicas e de marketing e divulgação governamental, pudesse fazer a sua deliberação em informações que poderiam ser trazidas pelos técnicos da Secretaria da Saúde.

O Ver. Giovani Gregol informa que a reunião está marcada para dia 8. O assunto é urgente, é relevante. Consulto a Comissão de Saúde, e desde já me coloco à disposição, na Comissão de Saúde, se não poderíamos efetuar a reunião hoje? Assim, aprofundaríamos o tema contido na matéria do folheto em questão, nesta Casa. A CJR não precisa nem perguntar, os Vereadores estariam, já, à disposição.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, em virtude de não poder assumir a tribuna, pergunto: esse documento pode ser lido na tribuna? Se as vilas podem ler, então ele pode ser lido nesta tribuna, ou o Regimento impede que sejam lidos seus termos? Eles têm os direitos iguais, se os direitos são iguais, podemos ler da tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE: Está encaminhado para que se promova uma reunião, hoje, com a participação dos técnicos.

 

O SR. GIOVANI GREGOL (Questão de Ordem): A data do dia 8, eu diria especialmente ao Presidente da Comissão de Justiça, Ver. Vicente Dutra, a data do dia 8 foi marcada consultando os participantes e porque é a data possível na agenda da Comissão Permanente de Saúde e Meio Ambiente. Agora, nós, naturalmente devido, à importância e à premência do assunto, nos colocamos à disposição da Casa, não poderia ser de outra maneira para antecipar esta reunião, eu apenas não gostaria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de marcar esta reunião para hoje, me parece que isso seria de certa forma um atropelo à própria autonomia da Comissão Permanente. Nós assumimos o compromisso perante a Casa de realizar esta reunião o mais rápido possível, agora, se é no dia de hoje, se é no dia de amanhã, creio que até sexta-feira nós poderíamos realizar esta reunião, consultando a agenda dos convidados e dos cinco Vereadores que fazem parte da Cosmam, do Presidente, do Vice-Presidente e assim por diante, de forma que nós não podemos confirmar esta reunião hoje. Quem deve marcar é a Comissão através da sua Presidência, e faremos isto o mais rápido possível, não podemos confirmar, repito, hoje, mas certamente deveremos antecipar em relação ao dia 8.

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Tudo se encaminha para que se promova uma reunião aqui na Câmara, está registrado.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: A própria Comissão de Justiça também possa, nós antecipamos, e a Comissão de Justiça também abra mão da data marcada e possa atrasar um pouco também a sua reunião. Porque nós marcamos dia 8 por motivos de força maior.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na mesma linha eu gostaria de lembrar que fiz uma solicitação, que essa reunião fosse conjunta também com a Comissão de Educação, por esta razão, até para dar tempo de botar alguém ligado à área de educação para início do debate, acho que não poderia ser hoje, mas o Ver. Vicente Dutra tem toda a razão de antecipar, mas hoje acho que é muito em cima.

 

O SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Só para informar que, de parte da Comissão de Justiça, estamos à disposição e achamos que o assunto é relevante e urgente e deve ser tratado dessa forma nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu, de minha parte, e entendo que também a maioria dos Srs. Vereadores com assento nesta Casa, a rigor, não estariam, não assumiriam posição contrária à publicação e distribuição desse boletim. Porque pode-se até admitir e entender que essa orientação poderia ser extremamente necessária, mas há, apenas, que se estabelecer uma diferença, e quem estabelece é o próprio Poder Executivo. Esse boletim, extraída a raiz quadrada, adotando um exame muito bem feito, se nota que tem endereço certo, que ele foi direcionado, e a direção e o endereço desse boletim é os grupos de risco: prostitutas, homossexuais e viciados. Então, a nossa inconformidade é com relação à distribuição indiscriminada de um boletim que contém, mesmo que se justifique que se recebeu ensinamentos de organismos nacionais e internacionais, uma linguagem não-condizente com a formação moral e intelectual da nossa juventude. Que se distribua aos grupos de risco, sem nenhuma objeção, mas que se distribua esse boletim em caráter indiscriminado a toda sociedade, nas escolas, nos centros de saúde, nos postos de saúde, nas vilas! Esse é o nosso inconformismo, porque estão aqui, em várias páginas, considerações da Prefeitura Municipal sobre o enfrentamento da epidemia de Aids. Isso aqui é um apanhado enorme, com bibliografia, com exposições, com percentagens, com estatísticas sobre o problema da Aids. Nesse boletim, em nenhuma ocasião, Ver. Luiz Braz, o Executivo Municipal baixou ao terreno da grosseria. Então, aí está o nosso inconformismo: a generalização das palavras de calão, de palavras chulas, de palavras tão degeneradas quanto degenerado é o vício, como degenerada é a doença da Aids. E o nosso inconformismo é, também, que enquanto que nos Estados Unidos um Prefeito de uma cidade, capital do país, vai preso por causa do porte e do consumo de cocaína, esse boletim incentiva o uso da droga, ou até faz de conta que não há nenhum crime e que o Estado, o Município não se preocupa com aqueles que são viciados em drogas, basta que eles tomem uma série de cautelas para evitar que o uso da droga se transforme em transportadores do vírus da Aids. Ora, Sr. Presidente, Srs Vereadores, doenças sexualmente transmissíveis o mundo já as conhece às dezenas: cancro duro, cancro mole, sífilis, gonorréia, blenorragia, etc., os jornais publicam, praticamente todas as semanas, matérias que ensinam como se pode prevenir a pessoa contra essa doença, todas elas em alto nível, ou pelo menos todas elas com linguagem adequada. Não admito, Dr. Jair, por mais que se preze, por mais que eu reconheça o seu saber nesta matéria, que as vilas não estejam preparadas para saber o que que é pênis, ou então que se empregue pau logo, vai dizer que a vila não sabe o que que é pau? Pelo menos aí é meio passado. Agora, dizer posições, dar exemplos, baixar para o nível da própria desagregação, permitindo que este folhetim contamine a formação moral, ética e intelectual da nossa sociedade? Isso nós não podemos admitir, também dizem aqueles que são os profetas do caos, “não existe mais a pátria, não existe mais a nação, tudo apodreceu; salve-se quem puder”. Não, não é bem assim. Há uma parte boa da sociedade e, inclusive, uma parte boa das vilas, cuja parte temos a obrigação de zelar e de preservar a moralidade pública. Era o que eu tinha a manifestar sobre este assunto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, senhores visitantes, é claro que também, como o Ver. Omar Ferri, não devo ser apoiado pelo Ver. Adroaldo Corrêa e pelos companheiros, porque nós, desde a semana passada estamos combatendo, não apenas esta publicação aqui, mas também outra que transitou nesta Casa e que não esteve apenas aqui, nós tivemos oportunidade de registrar, através de fotografias, que ela há duas semanas está estampada, também, na Prefeitura Municipal, trazendo praticamente todos os textos deste folheto, mas trazendo, também, pelo menos um destes textos que é intitulado: droga, sem Aids, diferenciado. E hoje tive oportunidade de estar lá na Faculdade Ritter dos Reis, e tinha um dos alunos lendo este folheto aqui, um rapazola, e ele estava comentando com um dos seus companheiros o seguinte: “Olha, para usar a droga tem que fazer a higiene da agulha”. E dizia todas as substâncias que devem ser utilizadas, e como utilizar. “Lá no outro folheto até que ficou melhor, explica melhor”. Aqui também explica, mas lá no primeiro folheto que tivemos oportunidade de apresentar nesta Casa.

E a exemplo do que disse o Ver. Omar Ferri, que tanto neste folheto quanto no outro; como as revistas que trouxe o Ver. José Valdir, elas devem ser endereçadas para um determinado público, para um determinado segmento. Acredito que este seja o objetivo destas publicações. E que estes segmentos possam. ao entrar em contato com este folheto ou com as revistas, acordarem para uma realidade, ou se não quiserem acordar para esta realidade, pelo menos fazer aquilo que elas vêm fazendo, mas da maneira correta.

Eu acredito que pelo menos essa tenha sido a intenção de se colocar tanto esse folheto como o outro, mas como essa publicação e a outra também, como são distribuídas aleatoriamente, nós ouvimos, por exemplo, um relato de um apresentador, um cronista que dizia, naquele momento em que estava apresentando seu programa de rádio, que recebia um telefonema de uma senhora que se queixava que seu filho havia recebido o tal folheto na escola e perguntava para ela, em casa, se agora usar drogas não tinha mais problema. Esse perigo pode também estar rondando outras famílias, e é exatamente isso que nós não queremos. E eu tenho certeza absoluta que o pessoal que elaborou esse panfleto não quer também isso. Eu tenho certeza absoluta que a intenção foi exatamente outra, mas acontece que, da forma como ele foi elaborado e da forma como ele foi distribuído, o efeito que ele está causando em outros segmentos da sociedade é um efeito nefasto. Não o efeito bom, salutar, que queriam realmente aqueles que fizeram o panfleto, que causasse esses segmentos, não. O efeito é nefasto. E é por isso que nós apresentamos na semana passada aquela Moção de Repúdio ao texto, ao folheto, da maneira como ele foi elaborado e da maneira como ele está sendo distribuído. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar e agradecer a presença do Senhor Gerson Winkler, Presidente do GAPA.

Com a palavra o Ver. Giovani Gregol, em tempo de Liderança.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar eu gostaria, em nome da nossa Bancada, de lamentar a ausência de muitos Vereadores desta Casa que na semana passada se levantaram em polvorosa, numa verdadeira cruzada moralista, aliás, nós diríamos falsamente moralista, em relação a esse material que hoje esperamos fique claro para aqueles que ainda não entenderam, ou não quiseram entender, é um material elaborado rigorosamente de acordo com as normas nacionais e internacionais de todas as autoridades da área da saúde, em especial aquelas envolvidas com a questão da Aids e a sua prevenção, rigorosamente com essas normas, inclusive no que diz respeito à questão dos termos fortes, entre aspas, ou de calão, porque forte calão é pleonasmo, inclusive e no que diz respeito, igualmente, à questão do uso ou dos usuários de drogas injetáveis. Do nosso ponto de vista, a questão da Aids é uma questão séria, é uma questão seriíssima, e no nosso País os dados científicos comprovam isso, a Aids, a epidemia já configurada de Aids cresce avassaladoramente. A tal ponto que nessa progressão provavelmente e infelizmente o Brasil será, dentro de alguns anos, o País com a maior incidência de vítimas e de portadores da Aids. Portanto, nós não entendemos que um assunto dessa gravidade, de tamanha importância, do qual depende a vida e inclusive a dignidade de milhares e milhares de pessoas, seja tratado de forma superficial, seja tratado de forma moralista, seja tratado de forma demagógica e, inclusive – por que não dizer – seja tratada de forma hipócrita, como, infelizmente, assistimos em toda a Cidade, nesses últimos sete dias, em todos os meios de comunicação, aqueles que, por não entenderem o assunto ou porque, entendendo, sobre eles recaem a acusação de má-fé, não enxergaram, não consultaram os técnicos, eles não tinham obrigação de conhecer naturalmente os dados técnicos, não sendo interessados, talvez, na questão da Aids. Mas todos, hoje, toda pessoa preocupada com a saúde pública, e pressuponho que todo homem púbico, toda mulher, hoje, todo aquele que tem uma função pública e que se preocupe com a saúde pública deve se preocupar com a Aids, deve se informar minimamente e deve saber que isso é feito no mundo inteiro, e não sou eu que digo, está aqui o Dr. Jair Ferreira, que me confirmou que este não é o material para ser distribuído unicamente aos chamados grupos de risco; também não é para, naturalmente, distribuição indiscriminada. E distribuição discriminada, Ver. Luiz Braz, seria distribuir isso nas escolas, nos jardins de infância, nos clubes de mães. Isso seria distribuição discriminada. Mas também não é para os grupos de risco que alguns querem jogar, aliás novamente, de uma forma equivocada e moralista, nos guetos da marginalidade. Isto é para ser distribuído para várias faixas etárias, inclusive também para os nossos jovens e adolescentes que, agradem ou não, queiram ou não muitos, inclusive Vereadores, praticam sexo, sim. Praticam sexo. Talvez alguns tenham perdido o hábito, talvez alguns, tendo o hábito, não lhes agrade, mas cada pessoa que pratica o ato sexual no planeta Terra, hoje, pode ser uma vítima, pode ser um transmissor desse vírus. E é uma doença que não tem cura, é bom que se lembre. Por toda a previsão científica, a Aids não terá nem prevenção, vacina ou cura nos próximos anos, previsivelmente. Portanto, tudo que se possa fazer dentro das normas técnicas e dentro das normas da Organização Mundial da Saúde, órgão oficial da ONU e maior autoridade de saúde no planeta Terra, tem que ser tratada com seriedade, e não pode se prestar a demagogias e a campanhas difamatórias de qualquer espécie, e, infelizmente, queremos ressaltar que, de parte de alguns, isso infelizmente aconteceu nos dias que nos antecederam. Mas esperamos que agora, com a palavra técnica embasada, essa campanha cesse, e nós vamos discutir o mais importante, que é a forma de impedir que novas pessoas venham a sofrer e a morrer com essa doença. Isto, para nós, é o fundamental. A exploração política disso, para nós, é totalmente secundária. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando os integrantes desta Casa não concordam com a “Administração Publicitária”, digo, Administração Popular, são tachados de hipócritas e de uma porção de adjetivos que não vejo o porquê. O PDS colocou, nesta tribuna, e recoloca, que este folheto é absolutamente burro, além das palavras que aqui estão colocadas, e que seriam desnecessárias, porque nas nossas vilas, a nossa população sabe o que quer dizer sexo oral, e não precisa descrever como; agora, deste panfleto da “Administração Publicitária”, faz muita publicidade, diz ao porto-alegrense que ele não deve ter medo da Aids, e eu leio a manchete, e quantos lêem o documento? E agora, então, trazem, inteligentemente, o documento lá do Canadá, não leio inglês com perfeição, mas vejo que ele diz assim: “Aids e as mulheres”, esse é o título, não diz que as mulheres não devam ter medo da Aids, não mostra um casal abraçado e dizendo, “não tenha medo da Aids”, aqui, para a leitura, e para muita gente que não tem acesso ao folheto – não sacuda a cabeça, Ver. Adroaldo Corrêa –, porque é verdade, muita gente não tem acesso ao folheto, mas viu aqui, “Não tenha medo da Aids”, agora, a Organização Mundial da Saúde, em Toronto, no Canadá, deve ter orientado de forma diferente, ainda que use, eventualmente, palavras à semelhança do que estão sendo usados neste folheto. Portanto, não é hipocrisia, não é incoerência, continuamos pensando a mesma coisa, o folheto tem um bom objetivo, e tem por certo o desejo de que as pessoas não contraiam Aids, não usem droga, mas a administração poderia ter incrementado o Projeto de Lei aprovado nesta Câmara, do Ver. Leão de Medeiros, que estabelece o conselho municipal de controle de entorpecentes, e não fez nada, porque não partiu da”Administração Publicitária”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos as presenças dos Srs. Gerson Winkler e Jair Ferreira, Presidente e Consultor do GAPA.

Suspendemos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h07min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato – às 15h13min): O período de Comunicações de hoje será destinado a homenagear o Jornal Correio do Povo, pelo transcurso do seu 96° aniversário de fundação, a requerimento deste Vereador e por proposição aprovada por unanimidade da Casa. Nós convidamos para fazer parte da Mesa, além dessa presidência, o Ver. Leão de Medeiros, 1° Secretário; Exmo Sr. José Barrionuevo, Diretor de Redação do Correio do Povo; Exmo Sr. Roberto Pandolfo, Diretor Comercial do Correio do Povo; Exmo Sr. Telmo Flor, Secretário de Redação do Correio do Povo; Exma Srª Rosane Aparecida de Oliveira, também Secretária de Redação do Jornal.  Srs. Vereadores, na tarde de hoje farão uso da tribuna o Ver. Clóvis Brum, que fala pela Bancada do PMDB e PCB. O Ver. João Motta, que fala pelas Bancadas do PT e PL; o Ver. João Dib, que fala em nome da Bancada do PDS; Ver. Nereu D’Ávila, pela Bancada do PDT; Ver. Artur Zanella, pela Bancada do PFL; e o Ver. Luiz Braz, pela Bancada do PTB. Com a palavra o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Exmo Sr. Ver. Airto Ferronato, Presidente em exercício da Câmara Municipal de Porto Alegre, ilustre companheiro Ver. Leão de Medeiros, digníssimo Secretário da Casa; Ilmo Jornalista José Barrionuevo, Diretor do Correio do Povo; Sr. Diretor Comercial, Sr. Secretário de Redação, Srª Secretária de Redação do Correio Povo, Vereadores, Companheiros. Na verdade, torna-se um hábito esta Casa, todos os anos, prestar essa homenagem ao transcurso do aniversário do tradicional Jornal Correio do Povo, a quatro anos de completar o seu século de existência. Vê o Ver. Airto Ferronato a oportunidade de ensejar que a Casa retome este momento tão significativo para as comunicações no Rio Grande do Sul e no Brasil, uma vez que se homenageia um dos jornais mais antigos do País. A história do Correio do Povo, as suas lutas, as suas grandes lutas todos os rio-grandenses e todos os brasileiros conhecem. Seria repetitivo dizer que o Correio do Povo é um exemplo de abnegação e de insistência, de uma empresa e de seus jornalistas, a sua manutenção e a sua expansão.

Ainda lembro, Barrionuevo, momentos em que a Câmara, lá no outro prédio – isso já vai cerca de dez anos – era chamada a prestar a sua contribuição naqueles momentos decisivos e importantes ao Correio do Povo. Outro dia, ouvindo a rádio, ainda tive a oportunidade de ouvir um dos diretores da empresa, na época era diretor da “Folha”, o Walter Galvani, e ao Walter Galvani a empresa Caldas Júnior, como um todo, deve uma grande parcela da sua existência. E com muita alegria, Barrionuevo, vejo você, hoje, na Direção desse Jornal, na condição de timoneiro deste importante veículo que, apesar das dificuldades, vem superando as dificuldades, os obstáculos, e continuando, não posso dizer se consolidando. Ora, um jornal em 96 anos não vai se consolidar agora, já está consolidado no conceito da opinião pública rio-grandense e brasileira.

Tive a honra, nesta oportunidade, nestas breves palavras de saudação ao Jornal Correio do Povo, representar a palavra da Bancada do Partido Comunista Brasileiro, do seu Líder, Ver. Lauro Hagemann, cuja incumbência me traz a missão de transmitir, também em nome daquele Partido, daquela Liderança, daquele velho homem de imprensa, a saudação ao Correio do Povo, aos seus diretores, aos seus funcionários, a todos aqueles que direta ou indiretamente fazem o progresso, a notícia certa, a notícia precisa desse importante jornal, o nosso tradicional Correio do Povo. Falo em nome do PMDB e também do autor da proposição, Ver. Airto Ferronato. Receba, Dr. Barrionuevo, a saudação do PMDB e do Partido Comunista Brasileiro, no momento em que se festejam 96 anos de existência desse tão importante jornal que, para nós, foi colocado no Rio Grande do Sul para ficar e há de continuar a sua trajetória de notícia correta, de notícia séria, de veículo idôneo e de profissionais admiráveis, também corretos, zelosos no cumprimento das suas tarefas. O Jornal Correio do Povo engloba o conjunto do melhor que se pode ter em termos de comunicação no Rio Grande do Sul. Meus parabéns, e se Deus quiser, no ano que vem, estaremos aqui novamente, comemorando mais um aniversário do Correio do Povo e, assim, dentro de quatro anos, chegaremos a um século de existência desse importante Jornal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, que fala pela sua Bancada, o PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente; meu caro José Barrionuevo, Diretor da Redação do Correio do Povo, Srs. Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras, o escritor diplomata José Carlos Macedo Soares dizia que os jornais são os cinco sentidos das aglomerações humanas, constitui atmosfera comum em que vibra a inteligência de um povo, formam a continuidade das opiniões, estabelecem as formas que uniformizam os conceitos, assim acessíveis a todas as bitolas mentais; no jornal, o mais modesto sinal tipográfico tem a sua significação, eminentemente social e, portanto, política. E o Correio do Povo, ao longo de 96 anos, tem dado a sua participação social e política na história do Rio Grande do Sul e do nosso País; e, passados os 96 anos, o seu editorial de hoje diz que tem um compromisso com a liberdade, e a liberdade é algo que se conquista todos os dias pelo trabalho sério, responsável, competente, e faz com que possamos almejar dias melhores. Estamos vivendo momentos extremamente difíceis, momentos de falta de seriedade, dignidade, de honra, de ética em que tudo é esquecido, menos o indivíduo pensando em si mesmo. Mas nós olhamos um jornal com 96 anos, onde a sobriedade é uma nota, onde a verdade está presente, onde a busca da informação correta, onde a realização daquilo que deve ser a imprensa, a pesquisa da verdade está sempre presente em cada matéria aqui colocada. Nós olhamos um jornal que aos 96 anos é diferente de uma pessoa aos 96 anos; aos 96 anos ele tem mais vigor e terá mais vigor; ele tem mais força, terá mais força ainda, porque continua com o mesmo espírito que norteou desde a sua primeira edição, quando se dizia que a liberdade deveria ser preservada, quando a notícia deveria ser correta, quando a honra devia estar presente; o Correio do Povo continua fazendo isso. É o que o PDS, através de sua Bancada, deseja, que continuem com a mesma tranqüilidade, a mesma seriedade, a mesma honestidade, informando ao Rio Grande e ao Brasil, e sobretudo, o PDS deseja a cada um daqueles que integram o Correio do Povo, desde o que entrega o jornal ao seu Diretor Presidente, sucesso, saúde e muita paz. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta, que fala pelo PT e pelo PL.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente desta Sessão, Ver. Airto Ferronato; prezado companheiro Leão de Medeiros, Secretário da Câmara Municipal; Exmo Sr. José Barrionuevo, Diretor de Redação do Correio do Povo, e demais companheiros Vereadores presentes nesta Sessão.

Os 96 anos de fundação do Correio do Povo mereceria sem dúvida nenhuma um destaque especial neste espaço do Legislativo Municipal. Exatamente, mereceria este destaque porque, assim como o Correio do Povo vem acompanhando anos a fio o cenário político brasileiro, hoje, especialmente o Correio do Povo, como nós, acompanha o difícil momento da vida nacional. E registra momentos e fatos da história política brasileira, bem como do mundo inteiro, que muitas vezes nos traz insatisfação e muitas vezes alegria. Mas este é o papel de uma imprensa que vem passando todos estes momentos em que, muitas vezes, as instituições democráticas e a própria liberdade de imprensa foi violada. E muitas vezes em que os próprios preceitos da Constituição Federal foram violados. Porque é este o papel de um veículo de comunicação, o compromisso com a verdade. E isto está expresso a quem leu a edição de hoje do Correio do Povo, nesta síntese do que um veículo de comunicação deve ter. E é acima de tudo um compromisso com a liberdade.

Portanto, não poderiam passar em brancas nuvens os 96 anos do Correio do povo sem que registrássemos e reconhecêssemos que podemos, nós, Vereadores, bem como outros Poderes instituídos no âmbito do Estado Brasileiro, ter um compromisso com a cidadania, mas sem dúvida nenhuma devemos atribuir e reconhecer aos veículos de comunicações, e em especial e em particular neste dia ao Correio do Povo, um papel importantíssimo na formação não de uma cidadania passiva, de uma cidadania sem opinião, mas de uma cidadania consciente e que se afirme como sendo a possibilidade de, ao se afirmar, afirmar aquilo que é o desejo de todos nós, o fato de vivermos ainda em breve uma realidade em que a sociedade civil cumpra de fato, neste País, um papel fundamental, estratégico, de democratizar as instituições. Por isso, quando muito se fala em crise, é importante que os jornais, que os veículos de comunicações, como é o Correio do Povo, abra as suas páginas para descortinar as múltiplas e as mais variadas posições sobre cenário de crise. E eu não tenho nenhuma dúvida de que há uma entidade entre essa postura séria, legítima e democrática e a mesma postura que todos nós vimos assumindo na luta de resgatarmos aquilo que é a grande dívida deste País, que é a grande dívida da cidadania brasileira, o fato de nós construirmos, definitivamente, um Estado de Direito democrático.

Por isso fica aqui o registro, em nome da Bancada do PT, nesses 96 anos, a todos vocês que compõem esta Mesa e que representam nesta Sessão o Correio do Povo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença, no Plenário, do Prof. Joaquim Felizardo, que é Historiador e Jornalista e ex-Secretário Municipal da Cultura aqui do Município de Porto Alegre.

Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila, que fala em nome do PDT.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente; Exmo Sr. José Barrionuevo, Diretor de Redação do Correio do Povo.

A Bancada do PDT também associa-se evidentemente a essa homenagem da Câmara, tendo feito inclusive hoje pela manhã uma visita à Redação do Correio do Povo, para registrar a importância desses 96 anos. No nosso entendimento, o Correio do Povo tem um alcance maior do que a própria expressão do jornal hoje. Primeiro, achamos que para o Rio Grande do Sul, quando, por motivos, evidentemente, de política cambial e das diversas alternâncias econômicas que esse País atravessa em períodos muito curtos, o Correio trocou de mãos, e o destino quis que, naquele momento, nós não pagássemos um alto preço da humilhação para o resto do Brasil. Se tivéssemos que entregar esse patrimônio fantástico que foi construído para o nosso Estado em probidade, em imprensa séria, em dignidade, no exercício de tão alto grau de importância da democracia, entregar em mãos que não fosse do Estado do Rio Grande do Sul. Aqui não vai nenhuma jactância regionalista, porque não podemos enveredar por esse caminho, não vai sequer nada contra outros estados, vai, simplesmente, a importância em ficar para o Rio Grande aquilo que é do Rio Grande, patrimônio do Rio Grande. Então ficamos com o patrimônio físico, com o patrimônio moral e com o patrimônio intelectual do jornal Correio do Povo, isso na história do Rio Grande foi de alta significação e continua de alta significação. Ao longo desses 96 anos, é claro que aí a longevidade pesa, mas hoje eu destacava, na visita que fiz à redação, também outro fato que me impressiona sobremodo na existência desse Jornal, hoje, é a sua capilaridade. O Correio, hoje, está penetrando nos recantos mais íntimos da sociedade gaúcha, mantendo com o interior aquela comunicação e aquele alcance que já vinha da anterior propriedade do Jornal. Mas eu creio que na Capital, pela sua estrutura e, também, por aspectos econômicos, ele tem um poder, hoje, impressionante junto ao povão, porque ninguém desconhece a crise que então, no seu conteúdo econômico e de valoração na sua venda, ele tem um alcance impressionante. A sua influência hoje é, sem nenhum favor, impressionante no nosso povo, principalmente nas classes mais humildes. E aí é que vem a responsabilidade dos seus colunistas, cujos milhões de olhos ali, diariamente, repousam. Na política, o Barrionuevo; no setor econômico, o Políbio; no setor do esporte, o Wianey Carlet; para não dizer também, historicamente, o nosso querido Prof. Felizardo, que também está presente no Plenário hoje, que, numa síntese que lhe caracteriza, consegue, num espaço diminuto, dar a expressão exata da história política do nosso Estado. E ali, para aqueles que não puderam freqüentar os bancos escolares, eles têm, diariamente, uma lição de história política, de fatos antigos, médios e recentes da política nacional e regional. O próprio nosso Deputado Adroaldo Streck também traz alguns aspectos nacionais para o Correio. Outra grande vertente que o Correio procura aperfeiçoar e aprofundar é a questão agrícola, a questão da agricultura gaúcho, que ainda é um dos sustentáculos econômicos deste Estado. Por tudo isso, quem olha a sua feitura simples assim não sabe o que está contido em cada exemplar diariamente.

 

O Sr. Vieira da Cunha: Tem o Tijolão.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: O Ver. Vieira da Cunha aproveita para colocar que agora o nosso Presidente Nacional e Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, certamente por esses fatos todos que eu acabo de enumerar, preferiu que o nosso tijolaço esteja sendo publicado pelas páginas do Correio do Povo. Por tudo isto que enumero, não é favor nenhum o que esta Casa está fazendo. Ela está registrando a importância do Correio para a história. E hoje ainda lá eu olhava um xerox num quadro instalado numa das suas salas, lá no Correio, e via como ele registra o passar da história, a fotografia de um carro inglês, Napper, se não me engano, e vi a data, setembro ou outubro de 1901, uma coisa assim, e ali está exposto, 1901, no início do século, o jornal tinha seis anos e já trazia aquilo. Quem de nós conheceu esse carro, ouviu falar, eu nunca havia, e o meu filho gosta muito de carros, e ali está o retrato do carro inglês que estava sendo publicizado no início do século. Então, é a história viva do Rio Grande ao longo de quase um século. Então, nesses 96 anos, nós todos temos que exaltar, sim, todo o nosso carinho e a nossa expressão, até porque hoje ele é um contraponto de um não monopólio que todos reconhecem que não faz bem à democracia em lugar nenhum, e em democracia nenhuma. E digo mais, se o jornal discorda deste ou daquele ponto, faz parte do nosso aprimoramento democrático, temos que conviver com a crítica, temos que aceitar, porque ninguém, rigorosamente, é dono da verdade. Por isso, os seus representantes aqui, e, principalmente, por obviedade dizer, meu colega inclusive, trabalhamos juntos na Assembléia, o Barrionuevo, destaco pelo seu trabalho, uma política altiva, pela qual ele tem pagado caro, e temos que ter a coragem cívica de dizer que ele tem o direito e, às vezes, o dever de colocar a sua opinião, contrariando, às vezes, interesses que podem ficar descontentes, mas há caminhos legais, se ele não corresponder a verdade dos fatos. E eu parabenizo aqueles que como eu tem o temperamento de enfrentar os fortes, mesmo dentro das mesmas facções políticas. Por isso que eu creio que o Correio faz uma opção de jornalismo que dignifica a imprensa livre do Brasil, principalmente a imprensa gaúcha. Meus parabéns pelos seus 96 anos. Ele chegará ao seu centenário com a mesma altivez que vem mantendo até hoje. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur Zanella, que falará em nome do PFL.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato, autor do Requerimento que deu origem a esta Solenidade; Jornalista José Barrionuevo, Srs. Vereadores, Senhoras, Senhores, Senhores jornalistas: praticamente, já se disse quase tudo em relação ao “Correio do Povo”. O Ver. Luiz Braz ainda falará com seu brilhantismo, onde também terá condições de trazer novos enfoques a esta Solenidade.

Eu, em nome de meu Partido, diria que, mais do que 96 anos do “Correio do Povo”, estamos homenageando uma filosofia, uma postura empresarial e uma postura de um jornal. Pensava e refletia, pois sempre o "Correio" termina criando polêmica com os governantes, sejam eles quais forem. Lembro das polêmicas com o Dr. Brizola, Amaral de Souza, Dr. Simon, Dr. Collares. Isso me traz uma satisfação muito grande, porque demonstra que há uma filosofia de um órgão que vem desde Caldas Júnior e que, hoje, o Renato e o Carlos Ribeiro mantiveram para o bem e para a satisfação do Rio Grande do Sul, uma filosofia de atuação.

Eu me lembro, independentemente de quem controla a propriedade desse Jornal, de uma história que se tornou marca registrada do “Correio do Povo” de então, de pessoas que iam lá reclamar ou pedir que retirassem uma notícia que, de alguma forma, desagradaria o governante ou os governantes da ocasião; e uma vez o Dr. Dêntice, muito constrangido, foi levar um pedido desse tipo, de um amigo seu, o Dr. Dêntice era muito reto, muito sério. Ele contava, dizendo ao Dr. Breno Caldas, que não tinha nada a ver com o assunto, mas que estava levando um pedido de uma determinada pessoa. E o Dr. Breno Caldas lhe disse: “Se o senhor está constrangido com isso, então diga ao seu amigo ou a essa pessoa, para justificar o meu não atendimento, que, há um certo tempo, até o meu nome saiu numa notícia neste Jornal”. E mandou buscar um pedaço do jornal em que publicaram que “Breno Caldas era criticado como agropecuarista”. “Como o senhor vê, aqui nem meu nome tiram, quanto mais notícia de pessoa que, na verdade, faz parte da comunidade, porque deixa de ser uma pessoa física para se tornar pessoa jurídica.”

Também nunca tive notícia de que o “Correio” tenha se negado a publicar qualquer tipo de notícia de pessoa ou entidade que, efetivamente, fosse interessante ou necessária ao conhecimento para a comunidade.

É por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ou também por isso que eu não vejo que o Correio do Povo entendeu uma política desta Casa, da Câmara de Vereadores, de transparência para seus atos. E eu tenho visto, tenho notado esse tipo de compreensão. O Correio, hoje, recebe, como todos os jornais desta Cidade, o nosso contra-cheque, recebe o nosso salário, o nossos descontos, recebe a informação até de assuntos pessoais, lá no contra-cheque aparece quem é desquitado, quem tem pensões alimentícias, porque nós queremos, nesta Casa, que todos saibam exatamente o que aqui ocorre, e esta atitude, que às vezes pode ser simplória, pode ser simplista, foi entendida pelo o que tenho lido por seus comentaristas, pelas pessoas que analisam a situação desta Cidade, porque nós temos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, também como pessoas jurídicas e não como pessoas físicas, nós temos o nosso compromisso de que todos saibam o que acontece nesta Casa. E eu, ao menos, fico extremamente feliz e satisfeito de que este nosso espírito foi entendido e que os senhores fazem deste noticiário desta Casa uma análise e uma prestação de contas à população, e que, às vezes, nós não gostamos, ou muitos não gostam, ou todos não gostam, ou alguns não gostam. Mas não importa o que nós queremos, o que nós gostamos. Diretor Barrionuevo e os demais que estão aqui, o que é importante é que a comunidade, a população, receba a notícia como ela deve ser transmitida, sem muitos comentários, sem muitas ilações, mas buscando sempre, e é por isso que nós estamos homenageando este Jornal no dia de hoje, buscando sempre que, às vezes, ninguém consegue chegar lá, mas buscando sempre transmitir o que nós consideramos o que seja a verdade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, pelo PTB, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Exmo Sr. Ver. Airto Ferronato, no exercício da Presidência da Casa; Ilmo Sr. José Barrionuevo, Diretor de Redação do Correio do Povo, Srs. Vereadores, Senhores presentes.

Infelizmente, não tive a oportunidade de ouvir tudo aquilo que os meus Colegas de Câmara falaram, enaltecendo os 96 anos do Correio do Povo, porque, logo que deu início a Sessão, eu era chamado ao meu Gabinete de trabalho, onde duas professoras aposentadas estavam a minha espera para comunicar que estão realizando um grande movimento, que se inicia lá no Partenon, mas que deve tomar toda a Cidade, no sentido de fazer com que as autoridades estaduais e municipais acordem para o problema das crianças que vão ficar sem escolas no ano de 1992. Tenho certeza absoluta que os Senhores que pertencem ao Correio do Povo, que sempre foram homens que compraram grandes brigas, vão entrar, também, nesta briga, porque isso realmente parece que vai existir, porque a estas alturas dos acontecimentos, nessa época do ano, os pais já estão ameaçados de, no ano que vem, terem problemas nas escolas. Mas pedi que falassem o mais rápido possível a fim de que pudesse vir ao Plenário para falar em nome de nossa Bancada, em meu nome e no nome do Ver. Edi Morelli, que formamos, aqui, a Bancada do PTB, a Bancada dos comunicadores aqui na Casa. E vinha pensando comigo: “Aquelas mentes privilegiadas dos Vereadores que estão me antecedendo vão, é claro, esgotar completamente o assunto. E eu vou falar o quê?” Mas, quem tem amigo, não morre pagão. Eu cheguei aqui, e o meu amigo Leão de Medeiros me deu, realmente, um mote sensacional, que eu acho que deveria ser explorado, porque é real, fala do que acontece em termos de Jornal Correio do Povo: ele fala exatamente daqueles 96 anos em que o Correio passou escrevendo a história do Rio Grande do Sul. Mas muito mais do que a história generalizada do Rio Grande do Sul – me dizia o meu amigo Leão de Medeiros –, o Correio do Povo focaliza a nossa própria história, a história de cada um de nós, porque nesses 96 anos, o Correio do Povo registrou os nascimentos, registrou acontecimentos da vida de cada um, casamentos, para muitos que já foram, a data do seu falecimento, portanto, está aí a história de cada um de nós registrada exatamente ali, no Correio do Povo. Aí, eu dizia: “Pelo menos eu tenho um assunto que eles não falaram da tribuna”. É realmente importante focalizar essa preocupação que o Correio tem de chegar mais perto das pessoas, essa preocupação que o Correio tem não apenas de bem informar as pessoas mas, também, de fazer com que as pessoas possam participar da sua vida. Mas, eu acredito, Barrionuevo, que um dos temas focalizados aqui, quando eu chegava, pelo Ver. Nereu D'Ávila, que falava do destemor do Correio do Povo, dos homens que o compõem, enfrentando os problemas, pois me lembro muito bem que acompanhei, tive essa oportunidade de acompanhar uma discussão seriíssima que, na época em que eram realizadas as eleições para Governo do Estado, este ilustre jornalista fazia com aquele candidato que seria, então, o próximo Governador. Eu, lembro muito bem com quanta dignidade o meu amigo enfrentava aquele homem que sabe muito bem usar as palavras, inteligente, meu amigo também, Dr. Alceu Collares, e uma disputa bonita com termos muito bem usados, muito embora a questão fosse muito delicada, a que estava sendo tratada naquele instante, mas, em momento algum, nem o jornalista, nem o candidato desceram, realmente, a termos mais baixos para se ofenderem, conseguiram se explicar, se entender, realmente, numa linguagem bastante elevada, onde todas aquelas pessoas que estavam acompanhando, como eu, entre o jornalista e o candidato, conseguiram sair dali satisfeitos. E eu vejo que essa capacidade de enfrentar problemas foi o que fez o “Correio do Povo” nestes 96 anos vividos, em um século cheio de problemas, repleto de crises, pudesse também, a exemplo de todas as instituições que viveram tanto tempo assim, também ser atingido por esta crise, mas saber, como todas aquelas instituições inteligentes que, conseguiram prosperar ao longo dos tempos, sobreviver, sair da crise, dar a volta por cima, e quando todo mundo pensava que o “Correio do Povo” era alguma coisa do passado nós víamos com muita sabedoria, com muita inteligência, o “Correio do Povo” ressurgindo, praticamente das cinzas, e de repente todos nós começamos a receber aquele novo formato do “Correio do Povo”, aquele formato tablóide, e eu ouvia muita gente comentando o seguinte: que este ressurgimento do “Correio do Povo” naquele novo formato, se daria por algum tempo, mas não agüentariam um embate com a outra empresa que, praticamente, era dona de todo o mercado da informação, aqui do Rio Grande do Sul. Mas os homens que fazem o “Correio do Povo” mostraram que eles tinham vindo para ficar. E com um meio de comunicação ágil, com maneiras diferentes de se comunicar, diferentes daquelas que nós estávamos acostumados através de outros jornais, o “Correio do Povo” consegue, nos dias de hoje, uma façanha. Talvez, e tenho quase certeza absoluta disto, não tenho os dados em minhas mãos, talvez não seja o jornal de maior tiragem. Isto tenho quase certeza de que não é. Mas deve ser, pela maneira ágil que é apresentado para os seus leitores, deve ser o jornal mais lido, e explico: é quase que um paradoxo. Mas acontece que na maioria das vezes as pessoas que compram um jornal, que vão ler um jornal, normalmente abrem o jornal e vão ler algumas páginas deste jornal, dificilmente este jornal é consumido na sua totalidade. As notas principais de um jornal não são lidas, exatamente porque a matéria vem massuda demais, vem grande demais. Então, as pessoas, por causa do tempo que urge, e cada vez as pessoas têm menos tempo, não conseguem realmente ler. Então, o que se vê nos jornais é a página de esportes, a página policial, o horóscopo, cinema. Mas, quando se vai na parte mais importante, na economia, na política, este público é um público muito limitado, muito restrito.

Mas o que fez o “Correio do Povo”? Ele inovou! É por isto que acredito que na atualidade deve ser, realmente, o jornal mais lido em termos de Rio Grande do Sul. Porque o Correio do Povo trouxe numa linguagem simplificada, textos fáceis de serem digeridos, onde o cidadão, pela manhã, fazendo barba, tomando café, pode rapidamente tomar conhecimento de todo um panorama nacional, do Estado e do Município.

E isto facilita sobremaneira que aquelas pessoas dos nossos tempos, que não têm tempo praticamente para nada e que muitas vezes chegam em seus escritórios, em seus afazeres, sem ter lido nenhum tipo de informação, que possam, através do “Correio do Povo”, entrarem em contato com o mundo, entrarem em contato com a realidade. Então, realmente o papel que desempenha o “Correio do Povo” é um papel sobremaneira importante, porque ele vem dar ao homem que está prestes a penetrar no novo século, no novo milênio, numa nova era, vem dar exatamente a condição que ele não tinha até aqui de poder receber uma grande massa de informação em pouco tempo.

Cumprimento aos 96 anos do “Correio do Povo”, cumprimentos a vocês que fazem o “Correio do Povo” e que realmente o jornal consiga prosseguir com esse brilhantismo que teve até aqui. Parabéns. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Dr. José Barrionuevo, Diretor de Redação do “Correio do Povo”, que falará em nome do Jornal, nosso homenageado.

 

O SR. JOSÉ BARRIONUEVO: Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato; Secretário, Ver. Leão de Medeiros; ilustres Vereadores que estiveram nesta tribuna representando as Bancadas nesta homenagem que muito no honra e muito nos envaidece.

A homenagem, na verdade, nos estimula para que possamos colocar na prática, efetivamente, tudo o que os Senhores disseram e que é um desafio diário de todos os dias, porque o Jornal se esgota naquele dia, e o jornal, as notícias de hoje estão se esgotando, e amanhã nós temos um novo desafio. É um desafio permanente, como é um desafio permanente a atividade dos Senhores. Eu diria até que a imprensa e o Parlamento tem tarefas semelhantes. Aqui os Senhores exercem um mandato que é sagrado, por formação e princípio, respeito profundamente quem exerce esse mandato no Parlamento, dos Srs. Vereadores, aqui, afinal de contas, é desaguadouro de todas as angústias desta Cidade, aqui pu1sa o coração da Cidade, neste Plenário. Por isso eu, de coração, digo que uma homenagem da Câmara de Vereadores da nossa Cidade envaidece a todos nós profissionais que aqui estamos. E eu vou transmitir, não apenas à Presidência, mas a todos os repórteres, editores, redatores do “Correio do Povo”, pelo que isso representa como desafio para que prossigamos realizando este trabalho que sabemos que é importante, principalmente no momento em que vivemos, assim, um momento tensionado, onde já se fala até em risco às instituições, e nesse momento a nossa tarefa é a tarefa do Parlamento, ela é mais importante ainda. Eu gostaria de ressaltar que, dentro dessa preocupação de um jornal mais leve, mais ágil, dentro da proposta moderna de um jornalismo-síntese, que acho que é um desafio e que é o jornalismo do futuro, que modestamente temos essa preocupação dentro de um jornal de 20, 24 páginas, 16 páginas, a preocupação permanente é de fazer com que, além da informação precisa, além da informação isenta, nós consigamos democratizar um pouco mais essa informação, e eu acho que esse é o desafio que nós conseguimos responder com o novo “Correio do Povo”, com tablóide e um jornal enxuto com informações objetivas. Hoje, nesse Estado e nessa Cidade, muitas pessoas que não tinham condições ao acesso da informação hoje têm esse acesso à informação, sem que esse Jornal mais barato, mais acessível, descuide da informação precisa e descuide também da isenção, tão fundamental no trabalho que exercemos. Eu acho que nessa nova fase do “Correio do Povo” conseguimos democratizar a informação, o que para os Srs. Parlamentares é também muito importante. O “Correio do Povo” basicamente consegue isso por um trabalho de equipe, por todos os seus repórteres e jornalistas que lá trabalham, é um trabalho fundamentalmente de equipe e pautado, basicamente, no respeito que nós temos em relação ao Parlamento, aqui, Municipal, em relação a todos que nós entrevistamos, é um princípio básico, fazemos o nosso trabalho com um profundo respeito em relação àquelas pessoas com quem nós nos relacionamos, mesmo quando nós entramos em atrito ou em rota de colisão, em algumas situações; o importante é que consigamos, sempre representando da melhor forma possível essa preocupações dentro do pluralismo existente. O “Correio do Povo” mais ainda, depois dessa homenagem, vai se preocupar em desenvolver o seu trabalho sem um comprometimento com nenhum Partido e também sem proteção a nenhuma agremiação política. Eu agradeço de coração, em nome da equipe do “Correio do Povo”, essa homenagem dos Srs. Vereadores, e apenas como um subsídio a mais, em relação à informação do Ver. Luiz Braz, que destacou, realmente, até um momento muito delicado da minha vida profissional, e o “Correio do Povo”, hoje, chega aos 178 mil exemplares e chega em todos os municípios do Rio Grande do Sul, com uma antecedência de uma hora e meia em relação ao nosso principal concorrente, e, à exceção do domingo, hoje temos a maior circulação e a maior tiragem, com esse aspecto que eu acho positivo, democratizando a informação. Eu agradeço as palavras bondosas e generosas dos Vereadores que estiveram nesta tribuna, e quero colocar o Jornal à disposição, para, juntos, melhor desenvolvermos o trabalho em prol desta Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ilustres componentes da Mesa, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. Confesso que tinha anotado algumas coisas para dizer antes de encerrar esta Sessão, mas que entendi, em nome da Mesa Diretora da Câmara Municipal, tenho certeza, em nome de todos os Vereadores, de cumprimentar o nosso Jornal Correio do Povo pelo seu aniversário, registrar e agradecer pelo especial apoio que o Jornal tem dado a todas as medidas tomadas aqui pela Câmara Municipal, e especialmente registrar com destaque as posições e a nota contida na coluna do Jornalista Barrionuevo no dia de hoje. Gostaríamos, também, antes de encerrar, lembrar que hoje nós temos um debate aqui na Câmara Municipal, no Plenário Otávio Rocha, relativo à “Porto Alegre, Reforma Urbana, a Lei Orgânica, Conteúdo e Implicações no Plano Diretor de Porto Alegre”. Hoje à tarde está-se desenvolvendo o painel nº 2, “Aspectos Urbanísticos”, onde o palestrante é o escritor Moacir Moojen Marques, debatedores Lauro Hagemann, Luiz Carlos Bonin, Osmar Lendler, Paulo Guarnieri. Ilustres componentes da Mesa, Senhoras, Senhores, os nossos cumprimentos, mais uma vez, registrando e agradecendo a presença dos Senhores, encerramos os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 16h10min.)

 

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